segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

BATISTA LANÇA LIVRO SOBRE ROCK CRISTÃO

BATISTA LANÇA LIVRO SOBRE ROCK CRISTÃO


Nos últimos anos, o rock evoluiu na igreja e ganhou adeptos de todas as idades. Atualmente, bandas como Oficina G3, Resgate e Fruto Sagrado já têm público consolidado. Mas nem sempre ouvir rock quer dizer entendê-lo. Para Flávio Lages Rodrigues, esta diferença é essencial para tornar o estilo uma marca na vida da Igreja.


Autor do livo O Rock na Evangelização, recentemente lançado pela MK Editora, Flávio se autodenomina um underground, e com razão. Entretanto, este cabeludo, tatuado e baterista da banda de metal extremo Post Trevor, de Belo Horizonte (MG), não se relaciona com a visão muitas vezes preconceituosa dos evangélicos sobre os roqueiros. Seu estilo de vida fala por si e seus frutos testemunham de sua fé em Cristo Jesus. Em entrevista a Tiago Monteiro do Portal El Net, Flávio conta o segredo para alcançar as tribos urbanas.


Tiago: Na sua visão, que fator contribuiu para a mudança da visão de que o rock era coisa do diabo?
Flávio: As pessoas estão descobrindo que não é o terno que vai pregar, é o ser humano que tem falhas como qualquer outro. O que diferencia é ver a vida da pessoa com Deus. Ele (o roqueiro) é uma pessoa que está ali para ministrar, para servir. Se precisar limpar o chão, ele vai fazer isso. Isso muda todo o contexto... um ministro que existe para servir a igreja, a sociedade e a comunidade. É a levar a mensagem para fora das quatro paredes, estar próximo dos marginalizados, levando o ministério integral, que é para o corpo, a alma e o espírito.


Tiago: Hoje há uma maior penetração do rock. Ainda existem barreiras que precisam ser quebradas?
Flávio: A primeira questão é o visual, que é muito arrojado. Todo de preto, cabelo grande, piercing... isso de certa forma agride o outro, que é o diferente se não vemos a Palavra como aquela que unifica a cultura. E a tribo (grupo de pessoas que se identificam através de comportamentos afins) é uma cultura pequena dentro de outra maior. A gente tem uma maneira diferente de falar, de se vestir, é tudo diferente. Por exemplo, estava indo para uma sessão de fisioterapia no Hospital das Clínicas da UFMG e fui abordado por um guarda municipal que desconfiava que eu estava com drogas. Eu me identifiquei, mas não adiantou e ele me levou para a delegacia. Depois, o guarda se justificou, dizendo: “diga-me com quem andas e te direi quem és”.


Tiago: E o caso das tribos? Como apontar uma visão de servidão a Cristo quando estão acostumados com um sistema de contracultura, de rebeldia?
Flávio: Mostro que Jesus foi o maior contracultural que existiu. Ele e João Batista. Então, foram pessoas à margem da sociedade. Eu mostro que, da mesma forma, eles se rebelam contra as falhas da sociedade de seu tempo. Jesus fez a mesma coisa e chegou ao extremo de morrer como um maldito por nós. O parâmetro de contracultura é o próprio Cristo. Fiz uma matéria na Revista Cristã mostrando Jesus como o modelo underground a ser seguido. Costumo dizer que o Espírito de Deus toca onde Ele quer, portanto é possível servi-Lo curtindo o rock.


Tiago: Sobre seu livro pela MK, do que se trata?
Flávio: O conteúdo do livro mostra a música como um elemento da cultura que a gente pode usar, aliada à revelação de Deus, para pregar a mensagem através da Palavra cantada. A gente usa a música como um elemento da atualidade ao levar o Evangelho às pessoas que estão à margem da sociedade: as tribos urbanas.

Tiago: No livro você cita Lutero como um profeta de seu tempo. Hoje, como os pastores deveriam se posicionar para alcançar o homem pós-moderno?
Flávio: A pós-modernidade tem um problema: o homem não acredita mais no absoluto. Acreditava-se no absoluto e ele fazia barbaridades como ainda se vê em alguns casos. Este homem vê o outro como nada, é o etnocentrismo. As pessoas não acreditam mais em poderes absolutos e menos ainda em Deus. Por sua vez, a Igreja não conseguiu trabalhar com a cultura, que precisa ser vista à luz da Bíblia, mostrando como Jesus trazia para o centro as pessoas discriminadas. Lutero conseguiu ver isso. Ele poderia ter se adaptado às questões eclesiásticas, mas queria uma reforma e foi ao extremo. Foi um contracultural de seu tempo, mostrando para a elite de que o parâmetro de Deus não é só a elite, mas Ele também faz opção pelo pobre. Os pastores precisam “sair dos gabinetes” e ir onde as pessoas estão.

Tiago: Você acredita que qualquer pessoa pode se aventurar em evangelizar uma tribo específica, como a dos roqueiros, por exemplo?
Flávio: Para trabalhar com uma tribo tem que conhecer o grupo. Se a galera sentir que você não conhece nada, eles não vão querer ouvir o que você tem a dizer. Eu, por exemplo, por onde passo as pessoas me reconhecem pelo estilo. Até porque eu era roqueiro antes da conversão e consegui levar toda a banda para Cristo. Creio que a igreja no geral deve ficar no apoio, mas tem certas áreas que só pessoas pode fazer.

Tiago: E o contrário... como fazer com que o roqueiro convertido não vire um cristão segregado por conta de seu estereótipo?
Flávio: Particularmente temos um ministério chamado Planet Youth, na Igreja Batista da Lagoinha. É um galpão com uma infraestrutura própria para as tribos, todas elas. Tem palco onde as bandas ministram e não nos prendemos a estilo. O Rock não é tudo e a gente mostra que Jesus é tudo. Com isso, criamos nestas pessoas uma mentalidade de unidade. Tem o cara que joga capoeira e você vai estar com ele, mesmo sem saber jogar. Somos apenas um membro de um corpo onde a cabeça é Cristo. Mostramos a dualidade cultura e igreja, onde o soldado e o coronel estão juntos como irmãos, onde o pastor é servo de todos.

Tiago: Deixe um recado para os usuários do portal.
Flávio: Que as pessoas venham a louvar e adorar a Deus onde estiverem. Se é um médico, que venha servi-Lo no trabalho, onde quer que seja. Que a glória de Deus venha resplandecer através das nossas vidas fora da Igreja, porque é lá que o bicho pega!

Fonte: El Net

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